Cômico e trágico, mas as cotas deram certo.

No mês passado fui levar o meu filho Vinicius de 2 anos ao PS,pois o mesmo estava tossindo,com coriza e aparentemente com catarro no peito, como já ficou internado por conta de uma bronquite e eu e sua mãe não exitamos em levá-lo ao hospital quando os sintomas se assemelham a uma. Fomos então (apenas eu e ele) ao Santa Virgínia , não sei se por conta de ser um mês de férias o PS infantil estava vazio e o garoto foi rapidamente atendido.A médica que o atendeu era negra e aparentava ter mais ou menos uns 60 anos de idade, ao examiná-lo com eximia competência me tranquilizou afirmando que o pulmão dele estava limpo e os sintomas não eram nada demais, sendo assim o clima ficou fértil: Minha esposa não estava(ela é meu freio em situações como esta), hospital vazio,o paciente bem, enfim,arrisquei iniciar o assunto sobre o programa do Governo Federal da vinda de médicos estrangeiros ao Brasil, até então , não falei qual era minha opinião sobre o assunto e muito menos que eu era petista. A Dra. era CONTRA, chamou o Padilha de irônico e algumas coisas mais, explicitou o que sustentava suas afirmações e evitei assim um debate mais caloroso sobre o assunto. Mas a Dra. de alguma forma sentiu a "ameaça" vermelha e não me deixava ir embora, foi que foi, o assunto se desdobrou sobre COTAS nas universidades. E a Dra. era CONTRA, escandalosamente CONTRA. Aí f... eu já não queria mais ir embora. Tentei entender os motivos, e tristemente eram os mesmos da elite branca e egoísta. Nesta hora eu já não evitei mais nada, falei que era do PT, fiz campanha pra Dilma e tudo mais...e argumentei que as COTAS deram certo, uma vez que ela havia afirmado que os alunos na condição de cotista não conseguiam acompanhar o cursos (aff..) Serenamente( até então ela não havia prescrito nenhuma receita para o Vinicius) argumentei que o último estudo feito sobre as cotas mostraram que os jovens na condição de cotista tinha desempenho melhor do que os demais e tudo mais....mas não adiantou. Ela estava brava, chamou duas médicas (brancas) e falou: -Veja só: O "pai" aqui é a favor das cotas e eu não, e uma delas me olhou da mesma forma que as madames me olhavam quando eu entregava um panfleto do PT em época de campanha....
A médica estava transtornada....
Falei sobre reforma política para evitar que convênios financiassem campanhas eleitorais...mas nada a continha.
Quanto ao estudo? Ela disse que não acredita em nada que é publicado, mas mencionou o mensalão.
Disse pra ela que ela era a primeira negra a atender os meus filhos, ela concordou que era uma exceção, mas permanecia furiosa e contra as cotas.

E assim terminou a consulta...

Foi cômico, ou melhor, trágico, ou melhor, os dois.

Ela reconhecia que o negro e o pobre partiam de condições desiguais, mas ela já estava formada e parecia ser isto o que importava.